Mar de Foguinhos

Venho aqui para compartilhar mais um vídeo do jornalista Eduardo Gaelano, de quem já apresentei aqui uma vez (Para Que Serve A Utopia).

As falas dele foram dadas num programa chamada de “Sangue Latino”, programa que já falou com vários pensadores atuais da América Latina.

O vídeo inteiro é até bem longo, quase 25 minutos. Mas são 25 minutos que me fez pensar, refletir e devanear sobre diversos assuntos, um diferente dos outros!

Ele pode ser acusado de muita coisa como socialista, utopista, comunista, delirante, entres outros adjetivos. Acredito também que não precisamos concordar com tudo o que ele diz, mas com certeza ele provoca!

Ele provoca através de suas palavras, do seu semblante, das suas histórias contadas, dos seus risos irônicos ou espontâneos e principalmente de suas próprias perguntas para outros e si mesmo.

Destaquei algumas coisas que ele falou por escrito abaixo.

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“Somos um mar de foguinhos,

o mundo é isso: um monte de gentes, um mar de foguinhos,

Não existem dois fogos iguais,

Cada pessoa brilha com luz própria, entre todas as outras,

Existem fogos grandes e fogos pequenos, fogos de todas as cores,

Existe gente de fogo sereno, que nem fica sabendo do vento,

e existe gente de fogo louco, que enche o ar de faíscas,

alguns fogos, fogos bobos, não iluminam e nem queimam,

mas outros… outros ardem a vida com tanta vontade

que não se pode olhá-los sem pestanejar,

e quem se aproxima se incendeia.”
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Que tipo de fogo você é? Grande? Pequeno? Sereno? Louco? Realmente deveria haver todos os tipos de fogos.

Mas acho que a pergunta correta deveria mudar para: que tipo de fogo você gostaria de ser? Porque podemos mudar a nós mesmos!

Podemos ser qualquer um desses fogos acima, mas menos fogos bobos! Fogos bobos simplesmente não iluminam e nem queimam! Essa frase me faz lembrar do trecho bíblico que fica em Apocalipse 3:16 – “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.”

Fogos que iluminam ou queimam incomodam o meio ambiente e as pessoas que estão nela, fazendo com que se mexam – forçando alguma mudança! Não acho que ele está dizendo aqueles fotos que iluminam tanto que cegam alguém ou queimam até matar alguém.

Por isso acredito que maioria do pessoal tem admiração pelos aqueles fogos que ardem com vontade porque eles incendeiam as pessoas que se aproximam. Ou seja, esses fogos mexem, estimulam e provocam outras pessoas de maneira positiva!

São esses tipos de fogos que incentivam outras pessoas a buscar beleza, simplicidade, paz, amor e muita humildade e não ao contrário quando efeitos indesejados são gerados como podridão, provocador, guerra, ódio, arrogância, auto-suficiência, etc.

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Pense você daqui a um ano, daqui a cinco anos ou mesmo daqui a dez anos.

Pergunto mais uma vez: que tipo de fogo você gostaria de ser?

Que tal ser aquele fogo para qual as pessoas não conseguem olhar sem pestanejar?

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Acho que o exercício da solidariedade, quando se pratica de verdade, no dia-a-dia, é também um exercício de humildade,

que ensina você a reconhecer nos outros, e a reconhecer a grandeza escondidas nas coisas pequenininhas,

o que implica denunciar a falsa grandeza das coisa grandinhas,

em um mundo que confunde grandeza com grandinho.”
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0800-Sabotagem

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1. Eu me diverti demais com essa última do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Ele instalou o disque sabotagem, ou seja, 0800-sabotagem depois que denunciou na noite do dia 7/9 um plano elaborado na Casa Branca para provocar o “colapso total” de seu governo em outubro com a sabotagem da distribuição de alimentos, energia elétrica e combustível, entre outros e acusou a oposição venezuelana de sabotagem contra o sistema elétrico após um apagão que deixou 70% do país às escuras por pelo menos quatro horas.

Olham como é engraçado frases ditos por ele abaixo:

– “Eu tenho os dados da data na qual aconteceu uma reunião na Casa Branca, o nome e sobrenome dos participantes. Eu sei quais são os planos que eles fizeram, fizeram o plano de colapso total do país”.

– “Eles pensam que em outubro a Venezuela entra em colapso, assim planejaram, que sabotariam a comida das pessoas, a eletricidade, o combustível e as refinarias”.

– “O império entra em colapso antes que esta Venezuela, que não vai entrar em colapso nem por sabotagem nem por nada”.

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2. Nós temos o nosso similar aqui no Brasil, não tão engraçado e com tom ameaçador.

Ministério do Trabalho está sendo alvo de apuração da PF de desvio de verba pública por meio de convênios com entidades sem fins lucrativos. PF apura ainda a prática de diversos crimes, como fraude à licitação, corrupção, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro em onze estados e no Distrito Federal.

– “Se me mandar embora, tomo providências”, diz ministro do Trabalho

– “Não vou sair como bandido, picareta, a não ser que a presidenta me mande embora. Já cumpri minha missão no ministério, porque acabei com qualquer possibilidade de corrupção nele, ao acabar com os convênios.”

– “E agora vou apurar todo mundo.”

– “Vai pegar FH, Aécio, Jorge Bornhausen, todos os governadores e prefeitos, e descontentar muita gente.

– “Nós criamos uma força-tarefa; e, por determinação da presidenta, outros ministérios, órgãos do governo e Caixa vão fornecer especialistas em análises, e nós vamos começar a analisar todas as contas desde 90 e pegar toda essa gente. No final, quero ver quantos pedetistas estão envolvidos em denúncias.

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3. Isso também acontece na nossa vida do dia a dia: no trabalho, entre amigos e algumas vezes até entre familiares; principalmente de hierarquia diferentes (patrões x funcionários, pais x filhos, etc.)!

Vejo hoje muitas pessoas enxergando impressionante bem os erros dos outros, mas míope para seus próprios erros. Crítico com erros alheios mas totalmente condescendente com os próprios “desvios” ou “falhas”.

Não é errado mostrar os erros que outros cometem, o que é errado é julgar os outros se olhar para si mesmo.

Por que isso é tão ruim? Porque quando uma pessoa faz isso, ela se esconde atrás da tradição, do moral, de bons costumes ou até mesmo da religião – usando tudo isso como escudo e se acha acima do bem e do mal, ou seja, livres para julgar os outros!

E tenho a impressão que julgar os outros acima da lei é só um começo. Muitas vezes isso é apenas o início de outros problemas como: intolerância, abuso moral e físico, prepotência, entre outros!

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Negando-se a se enxergar como um humano igual às outras pessoas é início de presunção e soberba. O simples fato de procurar acumular mais educação ou dinheiro ou cargo ou título ou religião não nos torna uma pessoa boa, ou melhor que as outras.

Mas para que e por que ser melhor que outras pessoas?

Não seria mais interessante procurar entender outras pessoas e basear nas palavras como simplicidade e humildade para poder a servir e ajudar essas mesmas pessoas?

Protesto 2 (Liderança)

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“Mera mudança não é crescimento. Crescimento é a síntese de mudança e continuidade, e onde não há continuidade não há crescimento.” – C.S. Lewis
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Achei interessante um texto escrito por correspondente Juan Arias (do jornal El Pais) sobre as manifestações que estão ocorrendo no Brasil. Ele comparou os manifestantes que sacodem o Brasil como os ‘filhos rebeldes’, conforme abaixo:

‘Ex-presidente e atual presidente são como pais que se sentem orgulhosos de ver seus filhos saírem da penúria, ingressarem na universidade e poderem levar no bolso um celular e as chaves de uma moto ou de um carro’, diz o artigo, assinado pelo correspondente Juan Arias.

‘Os filhos cresceram, começaram a saber mais coisas da vida e da política de seus pais, e a dominar melhor que eles (os pais) todos os labirintos endiabrados da tecnologia da informação moderna.’

Em sua analogia, Arias diz que, ao crescerem, ‘os filhos’ começaram a fazer perguntas ao pais e, ‘pior’, começaram a discordar deles.

‘Chegaram ao extremo de reclamar do que ainda não tinham ganhado ou de que o que tinham estava estragado, diziam que o brinquedo não funcionava bem.’

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Acho que o correspondente pegou até leve na sua comparação. Os filhos não começaram a fazer perguntas e nem discordar dos pais, os primeiros simplesmente foram emudecidos pelas propagandas maravilhosas por um tempo longo demais por isso tinham medo de levantar voz já que foram ensinados que tudo estava maravilhoso e perfeito!

O mais engraçado é que isso ocorreu porque os pais e seus muitos apoiadores tinham muita firmeza dessa certeza (de que tudo se fez novo a partir do nada, nada de antes prestava e que só agora tudo ficou bom) e não permitiram contestação de quase ninguém, consequentemente isso fez com que os filhos ficassem mais calados ainda.

Acharam que simplesmente manter o que era de bonito e o que estava funcionando no começo do casamento que tudo ia continuar bem. Para evitar futuros erros e possíveis desgastes os pais acharam que o melhor era não fazer nada e toda vez que são contestados: mostravam as fotos maravilhosamente bem produzidas onde tudo parecia lindo e tudo funcionando perfeitamente!

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Auto-engano era tanto que virou soberba! Os pais começaram a se achar os tais e começaram a querer ensinar outros pais sem serem solicitados! Por onde passavam queriam ensinar os outros pais como se alcançar aquela boniteza (maquiada e de muitos anos atrás) deixando-os constrangidos.

Outros pais ficavam constrangidos não por causa dos ensinamentos, mas porque eles ainda estavam resolvendo seus próprios problemas. Ninguém tinha certeza do diagnóstico porque ainda estavam tentando entender a doença por isso desconfiava bastante desse remédio que os “nossos pais” insistiam em receitar e fazê-lo engolir de qualquer maneira.

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Quando a gente se esquece de se olhar para espelho da realidade, ouvir críticas, buscar pessoas sensatas e experientes para conversar, a gente acaba vivendo numa bolha – distante da realidade. Quando isso acontece por um longo período, a pessoa se acostuma tanto com elogios e bajulações que fica insensível a tudo que é contra.

Por orgulho próprio (e muitas vezes medo do novo) preferiram ignorar tudo e a todos! Essas pessoas preferem agarrar com tudo o que conseguiu hoje a procurar e enfrentar novos desafios. Por isso preferem ridicularizar os críticos para evitar mais críticas, só que não perceberam que os filhos estão crescendo e que daqui a pouco tempo os questionarão em tudo.

Não tiveram humildade para se adaptarem à nova sociedade que se muda sem parar, não tiveram paciência para entender e procurar dialogar com os críticos e principalmente, não tiveram carinho e tempo para ouvir o que seus filhos têm a dizer. Os filhos podem parecer ingratos, mas não é isso – eles simplesmente crescem e amadurecem.

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Vejo que a “atual mãe”, sempre considerada como “uma gerentona muito experiente e preparada” ficou totalmente perdida diante das manifestações! Nem procurou sua equipe e saiu correndo de onde estava para conversar com o “pai anterior”. Pior é que até o presente momento nem ela e nem ele deu uma declaração razoável em resposta a todos do país, encorajando e acalmando ao mesmo tempo seus filhos (população em geral).

No início tentaram empurrar as responsabilidades para outros (“pai” de um estado”) sem questionar os verdadeiros motivos dos protestos. Depois que a coisa se apertou chegaram inclusive a jogar toda a culpa e todos os ônus num dos seus próprios aliados (“pai” de uma cidade), querendo se livrar logo dos problemas.

Mal percebem que protesto de um simples movimento se propagou de tal maneira que os problemas locais não se restringem mais a um determinado lugar e partiu para uma comoção e solidariedade nacional. A insatisfação que antes era pequena e local que começa a insuflar outros que hoje a insatisfação virou insustentável e geral!

Também com tanto marketing e propaganda de si mesmo fica realmente difícil de enxergar a realidade. O problema não termina aí pois se percebe que os pais além de estarem alienados diante de uma realidade nova, eles também não estavam preparados e são incapazes de reagir a altura.

É sempre mais fácil surfar na onda da prosperidade, da fartura, da fama e do sucesso – tudo isso é passageiro. A vida é feita de ciclos, caso não se prepare no auge não conseguirá enfrentar os acontecimentos durante a marolinha ou ressaca.

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Não adianta fingir ser alguém que não é na verdade e ainda se iludir achando que mentira perpetua.

É preciso melhorar constantemente profissional, emocional e espiritualmente para tentar se preparar para o futuro – sempre novo, inesperado e surpreendente!

E é preciso inteligência para saber que ninguém é tão inteligente que acerta sempre, mais importante ainda é preciso humildade para saber que sempre errará.

Que erra é preciso reconhecer o próprio erro! Peça desculpas e continue tentando para acertar.

As pessoas reconhecem o esforço se é verdadeiro!