São tanto problemas que surgem nos dias de hoje e de maneira tão generalizada que fica até difícil de enumerá-los um por um. Isso se complica mais ainda porque os problemas além de serem incontroláveis, eles também parecem ser tão importantes – todos exigem certa urgência para serem resolvidos.
A impressão que me dá é que nunca houve tantos problemas que exigem tanto nossa atenção, principalmente nessa nossa sociedade atual. Somos uma sociedade que temos a cultura de tentar resolver dezenas de problemas por um lado mas por outro lado criando outros problemas.
Vou dar um exemplo simples e de uma forma bem exagerada:
O problema: necessidade de se comunicar com outra pessoa;
A solução: comprar um “smartphone” porque hoje em dia todos usam “smartphone” para se comunicar um com outro;
Problemas surgidos ao pensar em comprar um “smartphone”:
– difícil tarefa de escolher um “smartphone” entre tantas marcas, modelos, configurações, valores, planos, operadoras, etc.;
– precisa que alguém ensine a fazer ligação e / ou usar os aplicativos de fazer chamadas e chats (isso pode ser difícil para alguns e pode demandar muito tempo e muita prática);
– saber lidar com problemas do aparelho, do sinal da cobertura, diferença no valor cobrado pela operadora, roubo do aparelho, entre outros;
– mais para frente precisa ainda saber lidar com a atualização do sistema e dos aplicativos do “smartphone” e inclusive do próprio aparelho. Isso sem contar com as falhas técnicas de todas as partes, que vai desde o próprio aparelho até a operadora;
É claro que para alguns (os “nerds”) terão apenas alguns dos problemas citados acima mas mesmo assim não seria tão difícil de resolvê-los. Mas para maioria teria muitos dos problemas citados acima – uns até conseguem resolver com o passar do tempo, mas outros encontrarão muita dificuldade para se adaptar e resolver os problemas – levariam muito tempo para conseguir resolvê-los.
Mas toda essa confusão não para por aí. Até as maneiras como nós tentamos resolver os problemas causariam mais dores de cabeça de qualquer maneira.
Isso acontece porque somos facilmente confundidos ou enganados ao tentar resolver os problemas porque já disse anteriormente que eles são tantos e “todos” são tão importantes ou urgentes! A insegurança pessoal juntamente com as reclamações alheias acabariam também influenciando negativamente no que fazemos para solucionar os problemas.
Ao escolhermos o problema A para ser resolvido primeiro, sempre haverá dentro de nós mesmo um outro eu ou alguém de fora pedindo para começar com o problema B e dentro de nós um outro eu ou outro alguém pedindo para começar com o problema C… Apenas nessa briga de quem seria o primeiro problema a ser resolvido já daria uma dor de cabeça.
Também somos facilmente confundidos ou enganados porque hoje os conhecimentos são amplamente difundidos. Ao tentarmos resolver os problemas usando o método tradicional, sempre haverá uns exigindo o método progressista e outros exigindo o método neo-progressista…
Todos “acham” que sabem qual o problema seria o mais importante dentre tantos. Está cheio de achismos nos dias de hoje, tudo é genérico e incerto. As pessoas acham que bastam procurar no google.
E o pior de tudo é que todos também “acham” que sabem qual seria a melhor maneira de resolver os problemas. As pessoas não cogitam mais estudar a fundo sobre nada porque para que estudar se até os estudiosos erram?
E assim vai…
Não sei se isso é social ou cultura, mas cada vez mais demanda-se mais tempo e mais dinheiro para solução de tantos problemas. E esses problemas muitas vezes apenas atraem mais problemas e nada de soluções.
Muitas vezes quando você entrar de cabeça neles, é capaz de se perder dentro. E quando está perdido dentro dessa baralhada toda é o momento mais fácil de ser desviado dos verdadeiros problemas – os mais importantes.
Em vez de se concentrar na causa dos problemas, muitos acabam se confundindo e se desfocando para problemas secundários (problemas estes causados ao tentar resolver o problema principal).
Quando isso acontece, gasta-se tempo e dinheiro em demasiado para resolver problemas secundários (sem ser importantes) sem resolver o problema principal. Parece que se entra na areia movediça, não consegue sair dela e acaba sendo tragado por ela!
Vou tentar colocar abaixo os reais problemas que eu vejo que acontece nos dias de hoje.
O problema é fazer muitas coisas ao mesmo tempo e / ou o tempo todo como forma de não fazer nada significativo. Isso sem dizer que muitos ainda ficam reclamando insistentemente que há muita coisa para fazer e lhes faltam tempo para isso.
As pessoas ficam resmungando porque justamente há muita coisa para fazer. Mas em vez de usar o escasso tempo que dispõem para resolver os problemas, elas reclamam mais e com isso geram mais problemas.
O resultado é sempre baixo rendimento e trabalhos malfeitos. E o ciclo vicioso se inicia porque quando as pessoas são questionadas ou confrontadas, dirão que a causa do baixo rendimento e / ou de trabalhos malfeitos é porque há pouco tempo disponível e têm excesso de trabalhos para fazer.
Enfim, gastam-se tempo pouco demais para tentar resolver os problemas (ou pelo menos alguns deles) e gasta-se tempo demais para discutir e reclamar sobre os problemas já existentes sem perceber que estão causando novos problemas.
O problema é cuidar das vidas dos outros como forma de não cuidar da sua própria vida.
Cuidar de vidas alheias é uma das formas mais eficientes de se esconder atrás da própria vida, esquecendo-se dela completamente. Enquanto ficam pensando no que outros poderiam fazer ou poderiam ter feito com a vida delas ficam sem tempo para pensar sobre o que eles próprios poderiam fazer com a sua vida.
No fundo as pessoas sabem mas preferem esquecer da sua própria vida porque ela é real, muitas vezes dura e até monótona. Fantasiar ou se projetar na vida dos outros seria uma forma de escape, o que seria como um jogo – seria interessante de vez em quando.
Essas pessoas se esquecem que divagar é contrário de decidir, que fantasiar é contrário de realizar, que falar é contrário de agir: a pimenta que arde no olho dos outros é refresco, mas não é nada fácil quando arde no meu olho!
Por isso quem faz questão de cuidar da própria vida não tem tempo para dar palpite sobre a vida dos outros. E quando algo não vai bem com a vida dos outros agem com compaixão e solidariedade e não uma satisfação sádica do tipo “eu sabia”.
O problema é ficar escolhendo entre tantas alternativas o tempo todo como forma de não escolher nada ou reclamar do excesso de opções disponíveis e até reclamar daquilo que foi escolhido.
Acho que demoram tanto tempo para decidir porque só pensam em ganhar ou tirar vantagens. E se demoram tanto é porque antes de tudo essas pessoas se recusam a levar desvantagem ou prejuízo – não querem parecer fracos ou fracassados.
Ou seja, as pessoas querem os melhores, os mais famosos, os mais bonitos, os mais sofisticados, os mais modernos, os mais exclusivos, os mais tecnológicos e se possível: os mais barato também!
Mas por medo de escolher errado, de ouvir reprovação de uns ou da chacota de outros (ou seja, do possível “fracasso”), as pessoas ficam mais indecisas que nunca porque são pressionados a fazer a melhor escolha para parecer inteligentes ou “expertos” perante os outros.
E nessas horas todos se esquecem do ditado “se alguém está ganhando é porque outra pessoa está perdendo”. E simplesmente é impossível ganhar sempre!
O problema é pensar em tantas coisas o tempo todo como forma de não pensar a fundo em uma única coisa direito para ainda depois com o passar do tempo simplesmente deixar de pensar.
Quando digo a palavra pensar no parágrafo anterior, estou falando sobre entender, raciocinar, refletir e até colocar em ação caso necessário.
Sinto que as pessoas de hoje são tão ansiosos que querem todas as respostas na hora para resolver todos os problemas. E para isso, esquecem dessa etapa muito importante que seria de pensar (entender, raciocinar e refletir) e correm diretamente para socorrê-las pesquisando no google, pegando as opiniões dos outros, usando frases lindas de uns pensadores famosos e até usurpam de versículos da Bíblia.
Podem até concordar com aquilo que foi dito por outros anteriormente, mas essas pessoas não refletiram e por isso não saberiam também argumentar sobre aquilo que foi emprestado de outros. Digo isso porque vemos isso claramente nos comentários das pessoas nas redes sociais ou nos sites.
Querem tudo prontinho e rapidinho, sem nenhum esforço físico nem mental e ainda querem parecer super inteligentes e “cool”. Isso pode funcionar momentaneamente e até no curto prazo, mas não se sustentará a médio e a longo prazo.
Muitas vezes o sentimento do orgulho caminha junto com o da insegurança e podem tornar as escolhas de uma pessoa um tanto emblemático!
Os orgulhosos se atrapalham e acabam bloqueando suas ações por medo de errar. Muitas pessoas preferem simplesmente não fazer nada a tentar algo diferente por insegurança. É muito mais cômodo deixar as coisas do jeito que estão, sem fazer nenhum esforço para mudar.
Geralmente as pessoas recebem críticas caso façam algo diferente e der errado. Mas elas podem também receber críticas por continuar fazendo as mesmas coisas – mas neste caso bastam dizer que não foi elas que começaram.
Por isso o lado “bom” de não fazer nada garante automaticamente acerto dessas pessoas pois nunca errarão se não fizerem nada! E numa melhor hipótese, sem fazer nada ainda as “permitem” criticar o que outras pessoas fizeram anteriormente ou o que elas estão fazendo.
É muito interessante poder fazer uma coisa de cada vez, mas algumas vezes é preciso fazer algumas coisas ao mesmo tempo. Apenas pare de reclamar, assuma uma decisão e enfrente e aguente todas suas consequências.
Cuide bem da sua própria vida porque é preciso viver para saber como viver bem. E outras pessoas o procurarão automaticamente caso elas acham que vale a pena viver a vida que você leva.
A melhor ou a pior escolha dos outros não significa que seja a melhor ou a pior para você. Não existe a melhor escolha para todos, existe a mais adequada para cada um. Observe, pesquise e estude para fazer a melhor escolha para você, caso erre na escolha, reconheça o erro e troque por outra.
Tomar a rédea de sua vida não significa viver uma vida de maneira toda rígida e intransigente. Mas também não dá para “deixar a vida te levar” de maneira acomodada e permissível! Uma permissibilidade e / ou alternância seria mais instigante e proveitosa.
Por isso é muito importante pensar sobre o que está se pensando para viver a SUA vida de maneira mais equilibrada e plena possível: ora aos trancos e barrancos ora fluida, ora imprudente ora cautelosa, ora desfavorável ora promissora, etc.
Penso que viver uma vida plena é justamente não se privar de experiências novas e desconhecidas de maneira prudente. Viver é avançar sobre a vida mesmo ela não sendo perfeita ou favorável.
E para concluir: o maior problema de todos é não resolvê-lo e nem saber aproveitá-lo como um degrau para novas conquistas mas somente usá-lo para gerar mais e mais problemas para si e para outros.