Quando Você Já Sabe Tudo

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“Os velhos acreditam em tudo, as pessoas de meia idade suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo.” – Oscar Wilde

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Até fico meio envergonhado em colocar aqui mais uma vez sobre coisas ou pessoas que me incomodam, porque já escrevi alguns ou muitos post sobre isso aqui, rs. Mas peço que tenham paciência comigo.

Geralmente ao tentar analisar isso (descrevendo aquilo que me incomoda) sinto-me melhor depois e percebo que acabo até entendendo mais e melhor sobre tudo isso. Acho que pelo simples fato de escrever para desabafar acabo entendendo melhor a situação e consigo enxergar melhor as outras pessoas e a mim mesmo – tudo isso acaba aliviando um pouco o porquê desses incômodos que tanto batucam a minha cabeça!

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Bom, ultimamente o que vem me incomodando são pessoas que acham que sabem tudo!

Jovens geralmente acham que sabem tudo! Mas sabemos que a característica dos jovens é isso mesmo, acontece principalmente pela pouca idade que têm, mas a fase geralmente passa.

Faltam-lhes maturidade no início mas na maioria das vezes o “senhor tempo” acaba ensinando para eles que as coisas não funcionam ou se resolvem exatamente do jeito que eles imaginam porque tudo é muito mais complexo do que imaginam.

Além do mais, com o tempo eles acabam percebendo que os adultos e os idosos de hoje também já foram jovens e também não conseguiram mudar o mundo do jeito que gostariam! Hoje essas mesmas pessoas adultas são simplesmente mais pacientes e tolerantes.

Muitos idosos também acham que sabem tudo!

Os idosos realmente sabem de muitas coisas pois são experientes e já viram muita coisa da vida que só se aprende vivendo. Mas por outro lado há muitas coisas novas acontecendo, principalmente na área de tecnologia e de costumes sociais que não estão acostumados ou adaptados.

Talvez o problema com os idosos está em acharem que a vida já lhes ensinou tudo e em vez de aconselhar e principalmente trabalhar junto com outras pessoas, querem somente ensiná-las com suas experiências. Na maioria das vezes o que atrapalha não é o que eles sabem, mas sim como eles transmitem o que eles sabem às outras pessoas.

Destaquei dois grupos de faixa etária, mas não quero generalizar. Não são todos os jovens ou todos os idosos que se acham e sabem tudo. Se baseado nessa politicamente correto, não quer dizer que não possa ter uma criança ou um japonês ou uma mulher heterossexual ou um imigrante funcionário público que também se acha um sabichão!

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“Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco.” – Jean-Jacques Rousseau

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Não me incomoda nem um pouco as pessoas que acham que sabem tudo (pela falta de instrução ou estudo) porque neste caso elas são apenas tolas, fazendo burrices. Geralmente acontece numa fase da vida e na maioria das vezes aprenderão mais para frente com a vida que não sabem tudo.

Mas não são sobre elas que escrevo. Seguem abaixo algumas características das pessoas que escrevo:

– escutam pouco e falam muito, aliás, não param de falar (fala sem parar sobre qualquer coisa sempre impressiona as pessoas, mesmo que seja sobre assuntos alheios);

– falam de coisas que aconteceram com outros, dificilmente dizem algo que aconteceram com elas próprias (pois não vivenciaram pessoalmente o que dizem que sabem e daí a necessidade de falar sobre vivências dos terceiros);

– precisam a todo momento afirmar a todos e a si mesmo que sabem tudo, muitas vezes com mais e mais explicações desnecessárias (caso contrário, temem ser revelado que na verdade não sabem aquilo que dizem que sabem);

– repetem as mesmas coisas ou abusam de frases de efeito para parecerem que sabem de muita coisa (muitas vezes dão um de perdido só para não darem chance de serem questionadas, pois não saberão muito o que responder quando são indagadas);

– quando são questionadas e pressionadas começam a atacar as pessoas e não os fatos (dessa maneira tentam intimidar as pessoas que têm a audácia de questioná-las);

– não param de reclamar sobre certas coisas ou certas pessoas (pois estas coisas ou estas pessoas servirão exatamente como desculpas para qualquer erro seu no futuro);

– cuidam pouco ou escondem ao máximo sua própria vida mas adoram dar palpites na vida dos outros (isso acontece porque sua própria vida não é desafiadora que ao se intrometer na vida dos outros, acabam meio que vivendo a vida “mais interessante” dos outros);

– adoram ensinar outros e sobre tudo (fazendo isso de maneira repetitiva, a longo prazo isso as “tornam” meio que “experts” da vida);

– desconversam sobre tudo e falam muitas coisas sem importância (algo fora da realidade e muitas vezes algo imaginado por elas) e isso a longo prazo acabam virando em muitas mentirinhas, até em mentiras compulsivas (usam e abusam de blasé para se esconderem e ao mesmo tempo parecerem sempre superiores);

– as atitudes e ações não batem com o que pregam ou dizem, muitas vezes a contradição chega a ser bastante escancarada! (essas pessoas acreditam tanto que sabem tudo que não percebem essa disparidade ou já estão cegos até para enxergar isso);

– total ausência de auto-crítica e quando há algo parecido com auto-crítica, é para lhes dar desculpas para fazer mais do mesmo. (sem auto-crítica essas pessoas vivem num mundo real paralelo onde acreditam somente naquilo que querem acreditar, mas de vez em quando usam-se de auto-crítica para dar uma falsa aparência de humildade);

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O que me incomoda são aquelas pessoas que têm consciência que não sabem (sabem muito bem da sua própria ignorância), mais insistem em parecer que sabem (continuar a parecer “experts” que sabem tudo!

Essas pessoas simplesmente negam a realidade para reconhecer a própria ignorância e ainda esperneiam, fazem de tudo para manter escondido ou encoberto mentiras: não sabem direito aqueles que se dizem que sabem. Ou seja, preferem em insistir em parecer algo a começar a estudar realmente para saber e entender as coisas.

Essas pessoas preferem tentar enganar outras pessoas a reconhecer sua ignorância. E não só isso, o pior é que fazem questão em afirmar para todos que sabem tudo, querem provar a toda hora para outros que sabem tudo!

Adoram usar frases como:

– “Eu já sabia disso” ou “eu já sei” ou “isso sempre acontece comigo”! São típicas frases que essas pessoas têm na ponta da língua para mostrarem que estão a par de tudo, usam também essas frases para participar de tudo que outras pessoas estão discutindo – inclusive abrindo brechas para se intrometer nas vidas alheias!

– É verdade, “isso já aconteceu com um amigo meu” ou “isso já aconteceu com um parente meu”! Outra frase de efeito que as torna íntimas de tudo que acontece com outras pessoas e ainda as fazem parecer detentoras de muita sabedoria, meio que dando abertura para  poderem “ensinar” mais outras pessoas.

– “É melhor se prevenir a remediar” ou “é bom se cuidar”! São outras frases positivas muito usadas (sempre bem vindas) mas que na verdade não significam nada, só que quando são ditas nos momentos inadequados acabam virando negativas. Essas frases ajudam a encobrir ignorância dessas pessoas que acham que sabem tudo, fazendo-as parecer cultas e sábias.

– não precisa nem dizer, “esse XXX sempre faz tudo errado” ou “YYY é ruim mesmo” ou “isso sempre acontece comigo”, etc. Frases que apontam culpa em direção às outras pessoas, tentando se isentar de tudo que acontece de errado.

– “sou teimoso” ou “sou chato” mas “sou muito sincero”, entre outras frases que usam, mas não para fazer auto-críticas e sim para avisar os outros a que vieram. Geralmente usam isso como pretexto para suas próprias atitudes impulsivas ou descontroladas.

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“É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe.” – Epíteto.

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A verdade é que ninguém gosta de conviver ou trabalhar junto com os sabichões, aquelas pessoas que acham que sabem de tudo! Isso porque geralmente essas pessoas agem como se fossem superiores (por nenhuma razão) e ainda não param de querer ensinar os outros (e na verdade não tem o que ensinar).

*O que percebo é que essas pessoas não param de buscar melhorias apenas para sua aparência (ou tudo aquilo que as fazem parecer sábios para outros) em vez de procurar acrescentar o conteúdo interno (aprender e experimentar de verdade como lidar com coisas e pessoas de maneira adequada). Acho que seria muito mais interessante e útil gastar o tempo que tem para procurar aprender realmente sobre os diversos assuntos da vida, vivenciá-los e aprender realmente com eles.

Mas muitas dessas pessoas que preferem gastar seu tempo e dinheiro precioso em aparecer ou parecer que sabem tudo! Preferem dar um de “entendido” ou “expert”, contar mentirinhas, contar muitas verdades não relacionadas mas convenientes, fingir que sabem muito, acreditar na sua verdade imaginada ou criada, ficar se disfarçando, etc. – enfim, preferem não encarar a verdade e ficar vivendo só de aparências.

A minha tese é que fazendo isso, essas pessoas só se prejudicam e acabam também prejudicando outros também. Se por um lado elas não sabem direito o que estão fazendo e nem aprendendo, por outro lado outros podem estar aprendendo coisas erradas (já que estão convivendo com elas). Sem humildade e se achando que sabe tudo somente colabora mais ainda para que uma pessoa se retroceda na vida.

E o pior de tudo, como podem melhorar ou aprender coisas novas se sempre acham que sabem tudo? É como um copo cheio, como vai encher de outras coisas se ele já estiver cheio? Um copo sempre cheio é como uma pessoa intransigente e teimosa, não se permite receber diferentes  ou mais coisas (muitas vezes podem ser melhores).

Nossa cabeça deveria ser como um copo vazio para poder ser preenchido de coisas boas e novas, mas para isso há de deixá-lo sempre fluente! E para que seja fluente há necessidade de se esvaziar sempre que possível, para poder receber mais e diferentes coisas maravilhosas.

A vida, como a cabeça, também deveria ser fluída e espontânea para poder captar as melhores coisas que há na vida da melhor maneira possível! Mas se você a engesse ou a endurecesse com coisas que já sabe ou coisas que imagina que sabe, acaba não ser capaz de receber coisas diferentes e novas.

Sempre há diferentes formas ou novas formas de viver a vida. Você pode saber de muitas coisas, mas sempre há maneiras diferentes (muitas vezes muito mais interessante e divertida) de se encarar a vida. Se insiste em sempre comer o prato típico (arroz, feijão, bife, batata frita e salada), nunca experimentará caviar, sashimi ou foie gras por teimosia. E uma vez que experimentou sashimi ou foie gras não quer dizer que comerá só isso no futuro!

Muitas dizem não para esses pratos exóticos, tudo bem! Mas maioria dessas pessoas nunca experimentou antes para dizer que não gostaram e por isso não querem. Medo, receio, cegueira, ideologia, religião, entre outros fatores influencia as nossas tomadas de decisões e quem perde com essas privações (escolhas erradas) somos nós mesmo!

Por isso, tome muito cuidado quando você acha que já sabe tudo!

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“Deve-se aprender fazendo a coisa; pelo pensamento você acha que sabe. Você não tem certeza, até que você tente.” – Sófocles

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