Coisas Que Você Não Percebe

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Estava empolgado para reencontrar um amigo que veio do Japão para passar algumas semanas aqui, principalmente para rever seus pais que moram aqui. Foram anos sem nos vermos! Não vou dizer aqui quantos para não revelar minha idade aqui, rs.

Na verdade, ele foi colega da faculdade e depois de se formar, tentou várias coisas aqui no Brasil mesmo e em outros países como Israel e Inglaterra, foi no Japão para cuidar dos avós e ficou lá desde então.

Para mim, este meu amigo sempre foi o mais autêntico da turma! Se dava bem com todos os grupos da classe (nerds, intelectuais, turma do fundo de sala, repetentes, turmas de outros anos e de outros turnos, etc.). E foi um dos poucos que conseguiu terminar a faculdade em 4 anos!

Eu não diria que éramos bem próximos na época da faculdade, mas mantínhamos uma ótima relação! Hoje pensando bem, acho que sempre houve um respeito mútuo muito forte que nos manteve nessa distância (sem ser íntimo demais como também sem ser muito distanciado).

Ele não mudou muito, tanto na aparência (peso e cabelo) como seu jeito (sempre com um carinho e humor cativante), Trouxe sua família toda (esposa e três lindos filhos). A mulher é uma típica japonesa muito simpática, falando um inglês sem sotaque e de fácil entendimento.

Não sei quanto a ele, mas foi uma emoção muito boa reencontrá-lo depois de tanto tempo. Não houve momento de constrangimento (aquele silêncio onde as pessoas sentem necessidade de preencher com palavras e mais palavras), houve sim aquela sensação agradável de se sentar e conversar com um amigo presente, tudo à vontade sem forçação de barra e nem fingimentos.

No reencontro e na despedida foram dois abraços que só com a idade que nos fazem compreender. Abraço forte e longo, uma mistura de saudade e de alegria (em se rever), ao mesmo tempo com uma certo conformismo percebendo claramente o que o tempo faz com a gente.

Confesso que também senti uma certa melancolia ao abraçá-lo, meio que pressentindo que pode não haver um próximo reencontro (seja pelo tempo ou pela distância)!

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Mas o que me surpreendeu e gostaria de colocar aqui foi quando ele me perguntou nas primeiras conversas:

– E aí? Ainda ouvindo muito Rod Stewart?

Eu surpreendido pela pergunta, respondi:

– Que Rod? Quem?

– O Roooood Stewart!

– Rod Stewart?

– Mas é claro! Você me fez gostar dele e ouço até hoje.

– Nossa! Você tem certeza?

– Sim. tenho até o CD que você me deu!

– Eu dei um CD de Rod Stewart para você?! (juro que não me lembro disso, ainda mais do Rod Stewart!? Posso até ter gostado antes, mas realmente não me lembro. Faz muito tempo que não ouço as músicas dele.)

– Comprei um tocador de CD de você, tinha um CD de Rod Stewart dentro que você estava ouvindo e você acabou me dando de presente!

– Tenho pouca lembrança sobre isso, me desculpe.

– Mas como não? Além do toca CD ainda comprei de você um monitor, não lembra?

– Humm… Cara, faz muito tempo, né? (tentei mas não estava lembrando nada disso)

– Olha, obrigado por ter me me apresentado o Rod Stewart. Toda vez que o ouço me dá uma tranquilidade…

– Que legal! (e eu pensando comigo mesmo: acho que devo voltar a ouvir o Rod Stewart para me acalmar)

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Não foi a primeira vez que isso acontece comigo e acho que nem com os outros. Ou seja, coisas que eu fiz sem perceber mas que de certa forma influenciaram outras pessoas ou coisas que outras pessoas já se esqueceram que fizeram anteriormente mas que influenciaram a minha vida até hoje.

Sem querer me gabar mas houve dois outros casos parecidos que lembro bem.

O primeiro aconteceu ao entrar num restaurante e de repente um homem se apresenta e me chama de professor para meu espanto e das pessoas que estavam na sua mesa! Ele ficou tão feliz em me rever que depois ainda me apresentou para sua esposa e seus filhos dizendo: este foi o professor que ensinou português para mim quando cheguei ao Brasil.

O segundo foi quando uma amiga que me disse saber por que certos pais gostam que eu dê aula de reforço para os filhos deles. Eu realmente não consegui pensar em nada especial e ainda brinquei com ela dizendo que deve ter sido por causa do preço baixo que cobro, rs.

Ela acabou me dizendo de coisas surpreendentes que eu nunca tinha percebido como também nunca teria percebido! São coisas que nunca imaginei que outras pessoas pudessem falar sobre mim. Ainda bem que os pais falaram só aspectos positivos da minha parte.

Mas neste caso especificamente pensei comigo mesmo: muitas coisas boas que foram ditas podem realmente fazer parte do contexto, consequente das coisas que faço normalmente. As pessoas podem até exagerar um pouco, falar mais bonito, dar um detalhe a mais, acrescentar uma opinião pessoal – tudo bem que tudo isso fazem parte.

Mas há outras coisas que simplesmente não sei de onde as pessoas tiram! Não sei se entenderam errado ou exageraram na dose. Pois eu fiquei meio que sem saber quem era essa pessoa que os pais estavam falando (que neste caso era eu!).

Ou seja, não é tão difícil as pessoas irem relacionando coisas e mais coisas (juntando a realidade, interpretação errônea, opinião e imaginação) com o que você faz no cotidiano e ir espalhando por aí. E essa pessoa espalhada por aí pode se tornar tão diferente e tão distante da pessoa real que vive isso diariamente.

E o fato mais importante é que pode-se perder o controle disso depois.

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Lembro-me de um caso em que aconteceu ao contrário dos exemplos que citei acima: quando fiquei meio que indignado com a pessoa que não se lembrava da “influência” que exerceu sobre mim! Fiquei “indignado” porque era muito jovem!

Quando eu era criança, de vez em quando fazia entregas com minha tia (que tinha floricultura) no carro dela. Ela gostava tanto de uma música de cantora que fez muito sucesso na época que ficávamos caçando a música dessa cantora pelas inúmeras estações de rádio que tinham na época. Terminávamos de ouvir a música numa estação de rádio e já íamos procurar em outras estações para ouvi-la de novo! Olha que até hoje sei a letra dessa música de cor!

Minha tia se mudou para EUA e numa dessas raras volta dela ao Brasil mostrei a música para ela. Foi difícil de achar a música, mas consegui depois de anos de procura! Eu na maior expectativa de surpreendê-la acabei me surpreendo vendo reação dela após ouvir a música.

Ela simplesmente disse: – Bonita música.

E eu sem entender direito a reação dela ainda perguntei: – Você não se lembra?

E ela: – Me lembrar do quê?

– Da música! Da cantora! Que você tanto gostava e até me fez gostar!

– Qual cantora?

– Você não lembra?

– …

– Que puxa…

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Enfim, se você faz coisas boas, elas podem atrair mais coisas positivas. Mas se você faz coisas ruins, elas também podem atrair mais coisas negativas! E quando o efeito multiplicador é ligado, as coisas podem crescer de tal maneira que perde-se o controle sobre o que e como elas podem alcançar outros.

E não é só isso, como também há grandes possibilidades de a coisa se tornar incontrolável em que fica difícil de saber e diferenciar entre o que é real e o que é “enfeite” (tudo aquilo que foi acrescentado)!

As coisas positivas podem iludi-lo e você começar a achar que você é aquela pessoa “tão maravilhosa” que outros acham que é, Correr atrás para ser essa pessoa “maravilhosa” pode ser muito cansativo porque ela é irreal e inatingível.

As coisas negativas podem destruí-lo porque podem manchar sua reputação de maneira irreparável. Maioria das pessoas conhece aquele ditado: “a mentira corre e cansa, a verdade anda e alcança”, o problema é que alguns não tem tempo para esperar que a verdade alcance a mentira.

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Você já parou para pensar nisso? Que você faz coisas que você mesmo não percebe que de alguma maneira influenciam outras pessoas, querendo você ou não?

  • são positivas ou negativas as suas influências?
  • e como lida com as influências dos outros?

Lembram da fórmula matemática?

  • “+”“+” = “+”;
  • “-““-“ = “+”;

Não temos controle sobre o “+” e o “-” (em itálico) que recebemos da vida. Mas a nossa reação, seja “+” ou “-” (em negrito) pode transformar as coisas ou ou pessoas, Ou seja, a maneira como reagimos à vida pode fazer com que alcancemos resultados positivos.

P.S.: por favor, não entendam que o “-“ seja uma reação negativa, tipo coisa errada ou ruim, tá?